Meu nome é Tempo


Olha, meu nome é Tempo.

Nasci quando ninguém mais tinha nascido. Já tinha passado bastante quando vi o mundo. Eu vi aquele azul imenso e pensei: que tal um passada lá? Fato foi eu ter ficado, e surgiu o sempre - meu infinito, o que me torna imortal. Pois bem, sou Sempre.
As pessoas sentavam-se sob suas árvores e olhavam o horizonte, elas achavam que faziam muito pouco de mim, e me retalharam. Fizeram de mim passado, presente e futuro. O passado foi para que suas lembranças jamais morressem e para que suas histórias me fossem companheiras; o presente foi para que me aproveitassem como tal, para que tivessem noção do que fazer comigo (quando os homens começaram a temer o crepúsculo); e o futuro é o mais complicado. Pra que é que me transformaram também em futuro? Uma parte de mim que não se conhece. Antes eu me dizia Sempre, porém eu, Sempre, estava garantido. Não existia essa colocação de futuro. Eu era eterno e só. Os dias eram dias como eu passava, e a noite nunca vinha porque não era necessário trocar. Mas agora... Agora tenho que me transformar. De repente sou presente e quando bate o sino da meia-noite alguém pensa e viro futuro, então outro pensa e sou presente de novo, e outro pensa e sou passado.
Estou cansado. Mas não posso parar. Como a morte, minha companheira, eu estou preso nesse fluxo da vida dos homens. Se eu paro, eles logo pensam que o Sol vai cair sobre suas cabeças.
Sou o Tempo e eu cuido dos homens.
Sou o Tempo e a sua vida é minha.

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