Summerhill





Existem dois tipos de coisas na vida: as de que você gosta e as de que você não gosta, acho que dá até pra incluir uma terceira coisa, que é aquela que você gosta demais. Eu sempre penso nisso quando vou pra escola. Sabe que escola se inclui no grupo das coisas que eu odeio. Mas tem que ir. “Estude, o conhecimento é a herança que os seus pais te dão e que você nunca vai perder”, o japinha falou. Eu até concordo. Mas hoje eu estava lá morgando legal na aula de matemática porque eu não captei o sentido de aprender logaritmo. A Vandaime mesmo falou assim que logaritmo não servia pra por** nenhuma, e que quem inventou foi um cara que não tinha absolutamente nada pra fazer e decidiu inventar moda pra dificultar a vida de estudante do segundo grau que está morrendo de agonia por causa do vestibular. É, e o pior é que essa droga cai no vestibular.
Faz, eu acho, que um mês que a gente está estudando logaritmo e até hoje eu não sei fazer o básico. Também nem estou ligando mesmo. Sei que na hora da prova eu estudo um dia antes, sei de tudo um dia antes e no dia da prova, depois eu ponho o pé fora da sala e o “conhecimento” se esvai. Por isso eu acho que não faz o menor sentido você ter que estudar uma coisa que você tem certeza que nunca vai usar na sua vida!
A minha professora de filosofia comentou na aula de segunda sobre uma escola que existiu a Inglaterra que se chamava Summerhill. Pondo Wikipédia nisso temos: “Summerhill se destaca por defender que as crianças aprendem melhor se livres dos instrumentos de coerção e repressão usados pela grande maioria das escolas. Todas as aulas são opcionais, os alunos podem escolher as que desejam freqüentar e as que não desejam.”
Bem, eu nunca tinha imaginado que alguém seria louco de fundar uma escola assim, completamento contra os padrões da sociedade. Mas se você pensar bem, isso remete um pouco à Grécia antiga, quando, nas ágoras, se reuniam os seguidores dos sábios para ouví-los ensinando. E cada um seguia quem quisesse e aprendia o que quisesse. Vê só que a Grécia é o berço da filosofia, e lá não tinha essa de ficar forçando gente a estudar o que não quer.
Talvez se isso fosse aplicado nos dias de hoje a gente tivesse mais vontade de aparecer na escola 7 horas da manhã. Não posso dizer que todo mundo fosse ter interesse por aprender alguma coisa, mas isso seria coisa que se corrigiria com o tempo. Tipo, quem não estuda não consegue nada na vida, e as pessoas iam perceber isso, e iam querer estudar por conta própria, mas iam estudar o que quisessem – uma questão de identificação.
De modo que o que tinha que ser mudado é o sistema de ensino, extremamente formal e extremamente irracional. O que deveria permanecer é o fato de que a pessoa tem que ter qualificação pra trabalhar – isso é imodificável.
Finalizando por aqui, eu li na revista sobre o filho do escritor David Gilmour, o nome dele é Jesse. O pai dele permitiu que ele deixasse a escola com 15 anos desde que ele assistisse os filmes que pedisse. Acho que alguns filmes realmente ensinam mais que a própria escola. Não só documentários chatos sobre evolução da vida e meio ambiente, mas há filmes fictícios que dão lições de vida e nos fazem refletir sobre coisas (“Muito além do Jardim”, “O caçador de pipas” cujo livro com certeza é melhor, apesar de eu nunca ter lido, “Memórias de uma gueixa”, que não é totalmente fictício mas é muito bom, “Click”, que pode ser comédia mas se você pensar bem sobre ele leva uma filosofia sobre aproveitar o tempo, bem como “Sociedade dos poetas mortos” que mostra o carpe dieam) e, de uma forma ou de outra, isso eleva nosso pensamento intelectual – nos torna mais críticos diante de situações e potentes para mudar a sociedade ao nosso redor.

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1 comentários:

Biia disse...

Filosofica!! ;*

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